Pagamento mínimo do cartão: como funciona e quais os riscos?

Quando a fatura do cartão de crédito chega e o valor está acima do esperado, é comum se deparar com uma opção tentadora: o pagamento mínimo. Essa alternativa permite que você quite apenas uma parte da fatura — geralmente, um percentual definido pelo banco, como 15% ou 20% — e adie o restante para o mês seguinte.

Mas será que essa é uma boa ideia? Ao longo deste artigo, você vai entender exatamente o que acontece quando escolhe pagar só o mínimo, quais os riscos envolvidos, o impacto no seu limite e no score, e o que fazer quando você cai na famosa bola de neve do cartão. Vamos juntos?

O que acontece quando pago o mínimo do cartão de crédito?

Ao pagar o valor mínimo, você entra automaticamente no chamado crédito rotativo. Na prática, é como se você estivesse pegando um empréstimo com o próprio banco ou operadora do cartão para pagar o restante da fatura. 

Portanto, esse valor que você deixou de pagar não some: ele é financiado e passa a acumular juros rotativos, IOF, multa por atraso (se for o caso) e juros de mora. Ou seja, no mês seguinte, a conta vem mais alta e pode pesar ainda mais no seu orçamento.

Vamos a um exemplo para facilitar:

SituaçãoValor
Valor total da faturaR$ 1.000
Pagamento mínimo (15%)R$ 150
Valor financiado (entra no rotativo)R$ 850
Juros rotativos estimados (até 15% ao mês)R$ 127,50
Valor aproximado da próxima faturaR$ 977,50 + novos gastos

Atenção: esses valores são apenas ilustrativos. As taxas de juros e encargos variam bastante entre bancos e operadoras. É fundamental conferir no seu contrato ou app do cartão quais são as condições exatas aplicadas ao seu caso.

Ou seja: se você pagou só os R$ 150, os R$ 850 que ficaram pendentes vão virar uma dívida com juros. No mês seguinte, ela vem junto com a nova fatura — e aí a chance de não conseguir pagar de novo aumenta. É o que muita gente chama de “efeito bola de neve”.

Desde 2017, o Banco Central definiu que você só pode ficar 30 dias no rotativo. Depois desse prazo, é preciso quitar o valor total ou entrar num parcelamento. E, a partir de 2024, existe um limite importante: a dívida total com juros não pode ultrapassar o dobro do valor original. Então, se você deixou de pagar R$ 850, o valor total com encargos não pode passar de R$ 1.700.

Essa regra trouxe mais proteção, mas o crédito rotativo ainda é caro. Por isso, usar o pagamento mínimo deve ser a exceção, não a regra. Se a fatura está alta, o ideal é tentar negociar, parcelar com juros menores ou até rever os gastos do mês seguinte para sair do aperto sem se enrolar ainda mais.

Quando pago o valor mínimo, o limite volta?

Quando você paga o valor mínimo da fatura, parte do seu limite é liberado, mas não o valor total. Isso acontece porque o restante da fatura está sendo financiado e ainda precisa ser quitado. Então, o banco só devolve o limite proporcional ao valor que foi realmente pago.

Vamos dar um exemplo prático:

SituaçãoValor
Limite do cartãoR$ 2.000
Gastos no mêsR$ 1.200
Pagamento mínimo (15%)R$ 180
Valor financiado (rotativo)R$ 1.020
Limite liberado após pagamentoAproximadamente R$ 180

Ou seja, mesmo pagando o mínimo, seu limite continua parcialmente comprometido, já que o banco está “emprestando” dinheiro para cobrir o restante da fatura. Com o tempo, isso pode gerar um efeito cascata, em que você perde o controle do limite e continua endividado mesmo sem estar gastando mais.

E o que acontece se eu pagar menos do que o valor mínimo da fatura?

Pagar menos do que o valor mínimo é ainda mais arriscado — e pode trazer consequências sérias para sua vida financeira. Isso porque, nesse caso, o banco entende que houve inadimplência. Ou seja, você não cumpriu o contrato e entrou em atraso com o pagamento do cartão.

Veja o que pode acontecer:

  • Multa por atraso: normalmente de 2% sobre o valor devido.
  • Juros de mora: aplicados por dia de atraso.
  • Juros rotativos: continuam valendo até que a dívida seja quitada ou parcelada (limite de 30 dias).
  • Inclusão do CPF em órgãos de proteção ao crédito: como Serasa e SPC, o que pode sujar seu nome.
  • Bloqueio ou redução do limite do cartão: o banco pode suspender temporariamente o uso do cartão.
  • Dificuldade para negociar: quanto mais tempo o atraso durar, mais difícil pode ser conseguir condições favoráveis de parcelamento.

Ou seja: se pagar o mínimo já é uma medida que exige atenção, pagar menos que o mínimo é um alerta vermelho. 

Pagar o mínimo do cartão de crédito diminui o score?

Não imediatamente — mas pode sim afetar seu score de crédito indiretamente, principalmente se isso virar um padrão. O score é uma pontuação que indica o seu comportamento como pagador, e leva em conta fatores como:

  • Histórico de pagamentos em dia;
  • Uso consciente do crédito;
  • Nível de endividamento;
  • Tempo que você mantém o nome limpo.

Ao pagar o mínimo, você não está inadimplente, o que é bom. Porém, se isso acontece com frequência, os birôs de crédito podem entender que você está dependente do rotativo, o que é um sinal de risco para futuras operações de crédito. 

Além disso, se você não quitar a dívida no prazo ou atrasar o parcelamento no mês seguinte, aí sim seu nome pode ser negativado — e o score tende a cair.

Em resumo:

  • Pagar o mínimo ocasionalmente: não derruba o score de forma direta.
  • Pagar o mínimo sempre: pode indicar risco e afetar sua pontuação.
  • Atrasar o pagamento ou não quitar o parcelamento: derruba o score e pode negativar seu nome.

Por isso, se estiver apertado, priorize negociar ou buscar alternativas antes de cair no rotativo todo mês. 

É melhor parcelar a fatura ou pagar o mínimo?

É melhor parcelar a fatura do cartão de crédito do que pagar apenas o valor mínimo. Isso porque as taxas de juros cobradas no pagamento mínimo, que entram no chamado rotativo do cartão, costumam ser bem mais altas do que as taxas cobradas no parcelamento.

Para explicar melhor, vamos usar dados oficiais divulgados pelo Banco Central do Brasil em junho de 2025. Os dados se referem ao período de 19/05/2025 a 23/05/2025 e estão disponíveis publicamente no site do BC. O levantamento considera informações de 57 bancos que operam com cartão de crédito no país.

Veja abaixo o comparativo entre as taxas médias de juros mensais praticadas no rotativo e no parcelamento:

  • Rotativo do cartão de crédito: 14,95% ao mês
  • Parcelamento da fatura do cartão: 8,66% ao mês

Ou seja, mesmo se tratando de duas opções caras, a média do parcelamento da fatura é quase a metade dos juros do rotativo. 

Se olharmos para as maiores e menores taxas praticadas, a diferença também é grande:

  • Rotativo
    • Banco com menor taxa: BNP Paribas – 3,02% ao mês
    • Banco com maior taxa: Crefisa – 22,06% ao mês
  • Parcelamento
    • Banco com menor taxa: Paraná Banco – 2,49% ao mês
    • Banco com maior taxa: Banco do Estado de Sergipe – 19,00% ao mês

Para que você consiga perceber ainda melhor o salto entre os juros das duas modalidades, trouxemos um comparativo das taxas de rotativo e parcelamento nos principais bancos. Confira:

BancoJuros rotativo (% ao mês)Juros parcelado (% ao mês)
BTG Pactual11,386,15
Caixa Econômica Federal11,728,55
Banco do Brasil12,619,06
Nubank13,358,69
Itaú13,949,9
Bradesco14,37,14
Inter16,118,48
C6 Bank16,25,51
Santander16,6510,47
Banco PAN20,1910,64

É melhor atrasar a fatura ou pagar o mínimo?

É sempre melhor pagar pelo menos o valor mínimo do cartão de crédito. Quando você atrasa a fatura, além de os juros e as multas continuarem a crescer, você se torna oficialmente inadimplente. Isso significa que seu nome pode ser incluído nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa

Estar nessa situação dificulta muito a vida financeira: você pode ter problemas para conseguir empréstimos, financiamentos, abrir contas bancárias, alugar imóveis ou até mesmo contratar serviços que dependem de análise de crédito.

Em resumo:

  • Pagar o mínimo = entra no rotativo, mas evita multa por inadimplência e mantém o crédito ativo.
  • Atrasar a fatura = além dos juros, tem multa, encargos e risco de nome negativado.

Ou seja: se não conseguir pagar tudo, pague o mínimo e tente negociar o restante logo em seguida.

Como sair da bola de neve do cartão de crédito?

Entrar na bola de neve do cartão de crédito é fácil: basta atrasar uma fatura, pagar o mínimo no mês seguinte e, quando menos se espera, a dívida virou um problema difícil de controlar. Os juros altos se acumulam rapidamente, e o valor da fatura parece crescer sozinho, mesmo sem novas compras. 

A boa notícia é que, com atitude e planejamento, dá sim para sair desse ciclo e retomar o controle da sua vida financeira. A seguir, veja algumas dicas práticas e realistas para sair do sufoco do cartão, cortar os juros e respirar mais aliviado no fim do mês.

1. Pare de usar o cartão por um tempo

Esse é o primeiro passo e, muitas vezes, o mais difícil: parar de usar o cartão enquanto estiver pagando uma dívida dele. Pode parecer radical, mas continuar passando o cartão enquanto tenta quitar a fatura é como tentar esvaziar uma banheira com a torneira aberta. Cada nova compra aumenta ainda mais o valor da fatura, além de dificultar o controle financeiro. 

Por isso, tente se organizar para pagar tudo à vista e com o dinheiro que você realmente tem na conta — mesmo que isso signifique reduzir o padrão de consumo por um período. Se for possível, remova o cartão dos apps de delivery, e-commerce e transporte, para evitar compras por impulso. Quanto menos tentação à vista, melhor.

2. Tente negociar ou parcelar a fatura

Se a fatura já está fora de controle, uma alternativa é parcelar a dívida com o próprio banco. Entre no aplicativo do seu banco ou fale com o atendimento e veja quais são as condições de parcelamento. Em muitos casos, é possível dividir em até 24 vezes com taxas mais suaves e parcelas fixas.

Antes de aceitar, avalie com cuidado o valor total a ser pago com juros, e garanta que a parcela cabe no seu orçamento mensal — sem correr o risco de atrasar de novo.

3. Reavalie seu orçamento e corte o que for possível

Muita gente tem a sensação de que já cortou tudo que podia, mas ao revisar o orçamento com mais calma, dá para encontrar gastos que podem ser ajustados — mesmo que temporariamente. Assinaturas de streaming que quase não são usadas, entregas por aplicativo, roupas ou itens por impulso… tudo isso pode ser repensado.

Use uma planilha simples, um caderno ou um app de controle financeiro para visualizar para onde seu dinheiro está indo. Assim, fica mais fácil decidir o que pode sair ou ser reduzido e o que é essencial. A economia que surgir desses ajustes deve ser usada para antecipar parcelas ou aumentar o valor da entrada, acelerando o fim da dívida.

4. Considere trocar uma dívida cara por uma mais barata

Em alguns casos, pode ser vantajoso fazer um empréstimo com juros menores para quitar de uma vez a dívida do cartão de crédito. Essa estratégia é chamada de substituição de dívida. A ideia é simples: trocar uma dívida mais cara (com juros altos) por outra com condições melhores, desde que a nova parcela seja menor e caiba no seu bolso.

Mas atenção: não adianta trocar de dívida se você não resolver o comportamento que levou à dívida anterior. A solução precisa vir acompanhada de uma reeducação financeira, senão o problema volta.

5. Priorize quitar o cartão antes de outras dívidas com juros menores

Se você tem mais de uma dívida, vale a pena começar pela que tem os juros mais altos — que, na maioria dos casos, é a do cartão de crédito. Isso porque os juros se acumulam rápido e fazem com que o valor devido dobre em poucos meses, se não for resolvido.

Isso não significa que você vai ignorar outras contas, mas sim que vai tentar negociar, parcelar ou segurar algumas despesas com juros menores para resolver logo o que mais pesa no seu bolso. Assim, você evita que a bola de neve cresça ainda mais e consegue respirar financeiramente mais rápido.

Agora que você já sabe por onde começar, que tal consultar se tem alguma dívida em seu nome para negociação? Na Acerto, você pode encontrar acordos com até 99% de desconto e condições que realmente cabem no seu bolso. Tudo online, rápido e seguro. Vale a pena dar uma olhadinha e começar a virar esse jogo!

Summary

Roberta Firmino

Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com mais de 7 anos de experiência com conteúdo para web. Escrevo para ajudar brasileiros a saírem das dívidas e a tomarem decisões financeiras mais conscientes.

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