Você já ouviu falar em margem consignável? Esse termo pode parecer complicado à primeira vista, mas ele está muito presente na vida de quem pensa em contratar um empréstimo.
Na prática, funciona como uma proteção: impede que uma parte muito grande da sua renda fique comprometida com dívidas e ajuda a evitar o superendividamento. Afinal, ninguém conseguiria viver com metade ou até mais do salário indo direto para o banco todo mês, não é? Por isso, a lei determina até quanto pode ser descontado, garantindo que ainda sobre dinheiro para as despesas básicas do dia a dia.
Neste guia, você vai entender em detalhes como funciona a margem consignável, qual é o percentual permitido hoje, como calcular o valor no seu caso e até quais alternativas existem para liberar mais espaço dentro desse limite. Tudo de forma clara, prática e sem complicação.
Você vai ver nesse conteúdo:
ToggleO que é a margem consignável?
A margem consignável nada mais é do que o limite máximo da sua renda que pode ser comprometido com parcelas de empréstimos ou cartões consignados. Em outras palavras, ela funciona como uma trava de segurança definida por lei para evitar que uma pessoa comprometa grande parte do que recebe com dívidas e acabe ficando sem dinheiro para as despesas do dia a dia.
Funciona assim: ao contratar o consignado, você autoriza o banco a descontar diretamente do seu salário, benefício ou pensão o valor da parcela. Esse desconto é automático, ou seja, você não precisa emitir boletos ou se preocupar com atrasos — mas, por outro lado, também não tem como “pular” o pagamento.
Resumindo, a margem consignável:
- É o percentual máximo da renda que pode ser descontado por lei;
- Garante que o banco não comprometa uma parte exagerada do seu salário ou benefício;
- Ajuda a evitar o superendividamento, já que o desconto é limitado.
Exemplificando
Suponhamos que você receba uma aposentadoria de R$ 2.000 e tenha recorrido ao banco em busca de um empréstimo consignado. Considerando a margem consignável de, no máximo, 35%, o valor máximo das parcelas que o banco vai descontar de seus recebimentos por mês é de R$ 700.
Isso significa que, mesmo que você queira pegar um empréstimo maior, a instituição financeira não vai permitir parcelas que passem desse valor. Assim, sobra pelo menos R$ 1.300,00 livres para você usar em suas despesas básicas, como alimentação, moradia, saúde e lazer.
Esse cálculo mostra, na prática, como a margem consignável protege a sua renda. Sem ela, poderia acontecer de uma pessoa ter metade (ou até mais) do salário comprometido, correndo o risco de não conseguir arcar com o restante das contas.
Quanto é a margem consignável hoje?
A margem consignável varia de acordo com a categoria do trabalhador ou beneficiário, mas a regra geral é a seguinte: até 35% da renda pode ser comprometida com empréstimos consignados tradicionais, e existe ainda um percentual adicional destinado ao cartão consignado.
De forma resumida:
- Aposentados e pensionistas do INSS, além dos titulares do BPC: podem comprometer 35% da renda com empréstimos consignados, mais 5% para cartão de crédito consignado e outros 5% para cartão de benefício. Nesse caso, o limite total pode chegar a 45% da renda mensal.
- Servidores públicos federais: seguem a mesma regra dos aposentados, com possibilidade de até 45% da renda comprometida.
- Trabalhadores da iniciativa privada (CLT): têm direito a 35% para empréstimo consignado e mais 5% para cartão de crédito consignado, somando um limite total de 40% da renda mensal.
Essa diferença existe porque a lei busca equilibrar a segurança financeira de quem toma o crédito e a garantia de pagamento para as instituições financeiras.
A margem consignável aumenta com o aumento do salário?
Sim, a margem consignável acompanha diretamente o valor do salário ou benefício. Como o cálculo é feito em percentual, quanto maior a renda mensal, maior será o valor em reais disponível para contratar no consignado.
Por exemplo: se alguém ganha R$ 2.000,00, a margem de 35% equivale a R$ 700,00. Já para quem recebe R$ 3.000,00, o limite sobe para R$ 1.050,00. O percentual é o mesmo, mas o valor em reais cresce conforme o aumento da renda.
Isso é positivo porque garante que o limite se ajuste à realidade de cada pessoa, mantendo o equilíbrio entre acesso ao crédito e proteção contra o superendividamento.
Qual o valor da margem consignável com o salário mínimo de 2025?
Em 2025, o salário mínimo está em R$ 1.518,00. Com esse valor, a margem consignável é calculada da seguinte forma:
- Para aposentados, pensionistas do INSS e beneficiários do BPC:
- 35% para empréstimos consignados: R$ 531,30
- 5% para cartão de crédito consignado: R$ 75,90
- 5% para cartão de benefício: R$ 75,90
- Total da margem consignável: R$ 683,10
- Para servidores públicos federais:
- O cálculo é o mesmo dos aposentados: R$ 683,10 de limite total.
- O cálculo é o mesmo dos aposentados: R$ 683,10 de limite total.
- Para trabalhadores CLT (carteira assinada):
- 35% para empréstimos consignados: R$ 531,30
- 5% para cartão de crédito consignado: R$ 75,90
- Total da margem consignável: R$ 607,20
Dessa forma, mesmo quem recebe um salário mínimo já tem acesso a crédito consignado, mas sempre dentro de limites pensados para não comprometer todo o orçamento mensal.
Como calcular a margem consignável?
O cálculo da margem consignável é bem simples, mas é importante entender direitinho para não se confundir. A regra básica é aplicar o percentual correspondente à sua categoria sobre o valor total do seu salário, aposentadoria ou benefício. O resultado será o limite máximo que pode ser comprometido com parcelas de empréstimo ou cartão consignado.
Para facilitar, você pode usar esta fórmula:
Margem consignável = Renda mensal × Percentual permitido
Exemplo prático:
- Renda mensal: R$ 3.000,00
- Percentual para empréstimo consignado: 35%
- Cálculo: 3.000 × 0,35 = R$ 1.050,00
Isso significa que, nesse caso, o valor máximo das parcelas do empréstimo consignado seria de R$ 1.050,00. Se ainda houver margem extra para cartão de crédito ou de benefício (dependendo da categoria), basta aplicar 5% adicionais sobre a mesma renda mensal.
Dica extra: muitos bancos e até o próprio INSS disponibilizam simuladores online gratuitos para você calcular sua margem consignável em poucos segundos, sem risco de erro.
Como posso aumentar minha margem consignável?
A margem consignável é um limite definido por lei, o que significa que não dá para aumentá-la livremente de acordo com a vontade do cliente ou do banco. No entanto, existem algumas estratégias que podem liberar espaço dentro desse limite ou ajudar você a ter mais crédito disponível.
Uma das formas mais comuns é quitar contratos antigos. Quando um empréstimo consignado é finalizado, as parcelas deixam de ser descontadas e, automaticamente, sua margem é recomposta, permitindo que você use novamente esse espaço em uma nova contratação.
Outra possibilidade é a portabilidade de crédito, que consiste em transferir sua dívida de uma instituição para outra com condições melhores. Ao reduzir o valor das parcelas (com juros menores, por exemplo), sobra uma parte da margem que pode ser reutilizada.
Também existe a opção de renegociação ou refinanciamento, onde o contrato é refeito, aumentando o prazo e diminuindo o valor da parcela. Isso não amplia a margem por si só, mas pode liberar parte dela para novas operações.
Por fim, em casos excepcionais, o governo pode alterar temporariamente o limite máximo da margem consignável, como já aconteceu em períodos de crise econômica. Por isso, é sempre importante acompanhar as regras vigentes.
Se você quiser entender melhor todas as alternativas e ver dicas detalhadas, temos um conteúdo completo sobre o assunto. Vale a pena conferir: Como aumentar a margem consignável?