Você já passou pela situação de fazer um empréstimo ou financiamento com um banco, e sentir vontade de mudar de instituição?
O interesse pode surgir quando outra empresa oferece taxas e condições melhores, ou ainda quando você não gosta do atendimento que está sendo oferecido.
Seja qual for o motivo, saiba que é possível mudar a dívida de um banco para outro, e o nome desse processo é portabilidade de crédito. A prática ainda não é tão comum no Brasil, mas pode ter vários benefícios. Continue a leitura para entender melhor como funciona!
Você vai ver nesse conteúdo:
ToggleO que é e como funciona a portabilidade de crédito?
A portabilidade de crédito é o ato de transferir a dívida de um banco para outro.
É quase como acontece na portabilidade de telefones: você troca de empresa fornecedora, mas seu número permanece o mesmo.
Quem contratou um empréstimo ou financiamento pode realizar a mudança a qualquer momento.
O mecanismo foi criado em 2013, pelo Banco Central do Brasil, por meio da Resolução nº 4.292, com o objetivo de aumentar a concorrência entre as instituições financeiras. Dessa forma, os clientes não precisam ficar mais “presos” com o banco até o fim do contrato e têm liberdade para procurar outra empresa e transferir o serviço.
Que tal um exemplo?
Vamos imaginar que você é aposentado pelo INSS e contratou um empréstimo consignado no Banco X. No entanto você percebeu, com o passar do tempo, que tem sido difícil pagar as parcelas porque a taxa de juros cobrada pela instituição é mais alta que em outros bancos.
Nesse caso, realizar a portabilidade de crédito consignado pode resolver o problema. Basta encontrar um banco que ofereça condições melhores e pedir a transferência.
Se o novo banco aceitar a proposta, vai quitar a sua dívida com a instituição anterior, um novo contrato será realizado e você terá que pagar o restante do empréstimo para ele. O prazo para pagamento do saldo devedor não pode ser alterado.
É possível realizar o processo em quais tipos de dívidas?
Felizmente, você pode fazer a portabilidade de crédito de qualquer empréstimo ou financiamento, entre eles:
- cheque especial;
- empréstimo consignado;
- empréstimo pessoal;
- financiamento imobiliário;
- financiamento de veículo.
Riscos e benefícios da portabilidade de dívida
Como tudo que envolve a sua vida financeira, é essencial avaliar com cuidado as possíveis vantagens e desvantagens de realizar a portabilidade de crédito. Veja os itens que separamos.
Custos
Os bancos não podem cobrar nenhuma taxa para fazer a portabilidade financeira. No entanto, a nova empresa pode solicitar que você abra uma conta ou qualquer outro processo que gere tarifas, e isso também precisa ser considerado antes da decisão.
Para evitar o problema, é importante segurar a ansiedade e analisar todos os detalhes antes de concluir a portabilidade.
Economia
Se realizada da forma correta, a portabilidade de crédito pode significar a redução do valor das parcelas da dívida. Dessa forma, você reduz as chances de atrasar os boletos e ter que pagar multas ou de ter o nome registrado no SPC e Serasa — o famoso nome sujo.
Atendimento
Ter um bom relacionamento com as empresas é fundamental. Principalmente em contratos longos. É muito importante que o banco consiga tirar as suas dúvidas, dar orientações e auxiliar os clientes no que for necessário.
Se isso não estiver acontecendo, mudar a dívida de banco pode ser uma boa oportunidade para melhorar a qualidade do atendimento.
Caso você já tenha um bom relacionamento com outro banco, isso também pode contar a seu favor: o famoso “tempo de casa” é um fator importante quando o assunto é finanças.
Facilidade
Quando o contrato não é feito com um banco digital, é comum que algumas questões sejam resolvidas apenas presencialmente. Se a instituição financeira não tem agências perto da sua casa ou trabalho, isso pode ser uma dificuldade em alguns momentos.
A portabilidade financeira pode servir para encontrar um banco que esteja mais perto de você e facilitar a sua rotina.
Como analisar as condições do banco
O principal objetivo da portabilidade de crédito é trocar uma dívida mais cara por uma mais barata. É essencial analisar as condições atuais e comparar com a proposta do novo banco para garantir que isso vai acontecer.
Com a empresa original, consiga as seguintes informações:
- saldo devedor;
- número de parcelas a vencer e o valor delas;
- taxa de juros mensal e anual;
- planilha de CET (Custo Efetivo Total);
- condições do contrato.
Após compreender o contrato atual, encontre uma empresa que ofereça um serviço mais vantajoso para você.
Entre todos os itens que citamos, o CET (Custo Efetivo Total) se destaca por ser uma excelente forma de comparar várias alternativas de empréstimo ou financiamento. Trata-se de um número percentual que representa todas as despesas e encargos da operação.
Muitos bancos diminuem a taxa de juros, mas aumentam outras taxas para dar a falsa sensação de que a proposta é vantajosa. Portanto, sempre verifique o CET antes de assinar qualquer contrato de crédito.
É comum que os bancos permitam a simulação da portabilidade de crédito em seus sites ou aplicativos. Vale a pena separar um tempo para pesquisar essas informações com o maior número de bancos possível, e encontrar a melhor para você.
Como solicitar a portabilidade
O primeiro passo para fazer a portabilidade é entrar em contato com a instituição com a qual você tem a dívida e solicitar o documento com todas as informações do empréstimo ou financiamento.
Dessa forma, você tem em mãos todos os detalhes sobre a operação e pode verificar se existem bancos que oferecem mais vantagens — como explicamos no tópico acima.
Após encontrar uma oferta melhor, é necessário entrar em contato com instituição que você deseja transferir a dívida, demonstrar o interesse e negociar. Vale destacar que a empresa não é obrigada a aceitar a sua dívida, mas deve informar o motivo da recusa por escrito. Já o antigo banco não tem direito de recusar a portabilidade.
Uma dica útil: pode ser que esse processo sirva como uma abertura de diálogo para que você consiga negociações de dívida melhores, inclusive no banco no qual a dívida foi originalmente feita. Aproveite e ouça o que o gerente tem a oferecer!
O que fazer se o banco se recusar a fazer a portabilidade da dívida?
Como já foi dito, o banco original não tem direito de negar a portabilidade de crédito. Apenas a nova instituição pode analisar se quer ou não “comprar a dívida”.
Portanto, se o primeiro credor não quiser realizar a portabilidade, você deve entrar em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) ou ouvidoria da organização para resolver o problema.
Se o problema persistir, pode ser necessário abrir uma reclamação junto ao Banco Central do Brasil. O registro pode ser feito pela internet, basta apresentar as seguintes informações:
- nome do banco;
- número da portabilidade;
- data da requisição da portabilidade;
- número do contrato da operação de crédito;
- motivo da recusa informado pela instituição.
Já o segundo banco, para o qual você deseja transferir a dívida, pode se recusar a assumir o controle sobre a dívida. Nesse caso, é válido procurar outras instituições ou tentar negociar com o banco inicialmente credor da dívida.
A portabilidade de crédito é um direito seu e pode ser muito interessante para a sua vida financeira. Mas calma! Antes de se comprometer com outro banco, analise com cuidado a sua situação atual e a proposta oferecida por ele.
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