Entenda o funcionamento e quais são as taxas de juros de financiamento atuais

Quando a gente pensa em financiar um imóvel, um carro ou qualquer bem de maior valor, a primeira dúvida que aparece é quase sempre a mesma: como esses juros são calculados e por que eles fazem tanta diferença no valor final? Entender essa lógica é essencial para comparar propostas com mais clareza e não se deixar levar apenas pelo valor da parcela.

O que muita gente não percebe é que existem diferentes modelos de cálculo, sistemas de amortização e até indexadores que influenciam diretamente o custo total do financiamento. E como cada um funciona de um jeito, o impacto no orçamento pode mudar bastante. 

Neste artigo, você vai entender essas diferenças, descobrir por que dois financiamentos semelhantes podem custar tão diferente e aprender a interpretar melhor as taxas divulgadas pelos bancos — tudo para fazer uma escolha mais segura e adequada ao seu bolso.

Como funciona a taxa de juros de financiamento?

A taxa de juros de um financiamento nada mais é do que o “custo extra” que você paga para pegar o dinheiro emprestado e devolvê-lo aos poucos. Ela é aplicada sobre o saldo que você ainda deve, mês a mês, e é isso que faz o valor final do financiamento ser maior do que o valor originalmente contratado

Na prática, os juros funcionam como um aluguel do dinheiro: quanto maior o prazo ou maior o risco para o banco, maior tende a ser essa taxa. Por isso, duas pessoas podem financiar o mesmo valor e ainda assim pagar valores bem diferentes ao final.

É importante entender que a taxa não é um número isolado, e sim parte de um conjunto de elementos que compõem o custo total do financiamento. Além do percentual de juros, entram na conta tarifas, seguros obrigatórios (como no financiamento imobiliário) e tributos. Esse pacote é o que realmente determina quanto você vai pagar ao longo dos anos — e, claro, influencia diretamente no valor da parcela. Muitos consumidores focam apenas na parcela mensal, mas é a taxa de juros que mais pesa no bolso ao longo do contrato.

Outro ponto essencial é que os juros são aplicados sobre o saldo devedor, que vai diminuindo conforme você paga. Ou seja, no começo do financiamento, quando você deve praticamente tudo, os juros são maiores; com o tempo, conforme o saldo cai, a parte da parcela destinada aos juros vai diminuindo. 

Essa divisão entre amortização (o valor que reduz a dívida) e juros (o custo do empréstimo) é o que define a dinâmica do financiamento. E é justamente por causa dessa divisão que surgem diferentes tipos de financiamento — cada um com uma forma própria de calcular as parcelas ao longo dos anos.

Juros com parcelas fixas (Sistema Price)

No sistema Price, também chamado de sistema francês de amortização, as parcelas são sempre iguais do começo ao fim do contrato. Isso dá mais previsibilidade para o bolso, já que você sabe exatamente quanto vai pagar por mês. 

A lógica é que, no início, a parcela tem uma parte maior de juros e uma parte menor de amortização; com o tempo, essa relação se inverte, e você passa a amortizar mais. É um modelo comum em financiamentos de veículos e empréstimos pessoais. A grande vantagem é a organização financeira; a desvantagem é que, no longo prazo, costuma resultar em um custo total maior.

Juros com parcelas variáveis (SAC – Sistema de Amortização Constante)

Já o SAC funciona de forma diferente: você amortiza o mesmo valor todo mês, e por isso as parcelas começam mais altas e vão diminuindo ao longo dos anos. Como a amortização é constante, você reduz a dívida mais rápido, e isso faz com que os juros cobrados também caiam mês a mês. 

Esse modelo é muito usado em financiamentos imobiliários e costuma gerar economia no valor total pago, especialmente em contratos longos. A desvantagem é que as primeiras parcelas podem pesar mais no orçamento, exigindo um planejamento financeiro mais firme.

Juros com parcelas corrigidas pela inflação (Sistema SACRE)

O SACRE é uma espécie de “meio-termo” entre o SAC e o Price, usado principalmente em financiamentos da Caixa. Ele funciona com parcelas que começam variáveis, como no SAC, mas ao longo do tempo tendem a se estabilizar e até ficar mais próximas de um valor fixo.

A lógica é: a amortização cresce ao longo dos anos, enquanto os juros diminuem. Por isso, a parcela costuma oscilar menos. É muito usado em contratos antigos, mas ainda pode aparecer na carteira imobiliária.

Juros atrelados a indexadores (TR, IPCA ou CDI)

Alguns financiamentos usam uma taxa de juros “mista”: uma parte é fixa e a outra varia conforme algum índice econômico. Isso pode deixar as parcelas mais imprevisíveis, mas, dependendo da economia, também pode baratear o contrato.

Os principais indexadores são:

  • TR (Taxa Referencial): muito usada em financiamentos imobiliários tradicionais; costuma ter baixa variação.
  • IPCA: corrige as parcelas pela inflação oficial; quando a inflação sobe, a parcela também sobe.
  • CDI: mais comum em empréstimos empresariais, mas pode aparecer em produtos modernos de crédito.

Esse tipo de juros funciona assim: o banco cobra, por exemplo, 4% ao ano + inflação (IPCA). A parcela muda conforme o índice escolhido oscila.

Juros pré-fixados

Nos juros pré-fixados, você já sabe exatamente qual será a taxa do contrato inteiro. Ela não muda conforme o tempo ou a economia. No Brasil, isso é mais comum em empréstimos pessoais e financiamentos mais curtos. É uma opção boa quando o cenário de juros está em queda ou estável, mas pode não compensar em momentos de incerteza, já que os bancos tendem a “embutir” um risco maior na taxa.

Juros pós-fixados

Aqui, a taxa de juros é definida parcialmente no contrato, mas só se sabe o valor final com a variação do indexador. É muito comum no mercado financeiro, mas também pode aparecer em financiamentos imobiliários “modernos”, que seguem IPCA ou TR.

A vantagem é que a taxa inicial costuma ser menor. A desvantagem é a imprevisibilidade: se o índice sobe, sua parcela sobe junto.

Financiamentos híbridos

Alguns bancos oferecem contratos que começam de um jeito e terminam de outro. Por exemplo:

  • parte inicial do contrato atrelada ao IPCA;
  • parte final com juros fixos.

Esse tipo de estrutura tenta equilibrar custo total e previsibilidade, mas exige atenção às regras de transição.

Qual a taxa de juros para financiamento hoje?

Definir a taxa de juros de um financiamento não é tão simples quanto olhar uma tabela — porque cada instituição trabalha com critérios próprios, produtos diferentes e políticas internas que mudam com o tempo. 

Além disso, o valor final oferecido ao consumidor também depende da análise de crédito, do relacionamento com o banco, do valor de entrada, do prazo da operação e até do tipo de imóvel ou veículo escolhido

Por isso, as taxas oficiais servem como referência, mas a condição real só aparece mesmo na proposta personalizada.

Ainda assim, dá para ter uma boa ideia do cenário analisando os dados históricos disponibilizados pelo Banco Central. 

Para consultar essas informações, basta acessar o site do BCB, clicar em Estatísticas” no menu superior e, depois, em “Taxas de juros”. Ali você escolhe exatamente a modalidade que deseja acompanhar. 

Financiamento imobiliário

Os números abaixo são um recorte das taxas para financiamento imobiliário referentes ao mês de outubro de 2025, e ajudam a entender como esse mercado funciona — cheio de variações e com grandes diferenças entre instituições.

Taxas de mercado – Pré-fixado

O financiamento pré-fixado é aquele em que a taxa de juros é definida no momento da contratação e permanece igual até o fim do contrato. Isso dá mais previsibilidade, mas também costuma ser mais caro em cenários de incerteza econômica, porque o banco embute um “risco” naquela taxa.

Instituição% a.m.% a.a.
Caixa Econômica Federal0,8710,94
Santander1,2215,63
Poupex1,4819,22

Esses números mostram que a variação entre bancos pode ser muito grande — quase dobrando entre a menor e a maior taxa.

Taxas reguladas – Pré-fixado

As taxas reguladas seguem regras do governo e normalmente aparecem em programas como o Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Aqui, a taxa tende a ser mais baixa e mais padronizada.

Para outubro de 2025, o BCB registra:

Instituição% a.m.% a.a.
Caixa Econômica Federal0,8610,88

Taxas de mercado – Pós-fixado referenciado em TR

Aqui, os juros são compostos por uma parte fixa + a variação da TR (Taxa Referencial). A parcela varia ao longo do tempo conforme o indexador oscila.

O Banco Central mostra uma média de mercado de:

  • Média mensal: 0,95%
  • Média anual: 12,036%

O BCB traz dados de 10 instituições, e a menor taxa encontrada foi:

  • Banco do Estado do Pará: 0,83% a.m. (10,41% a.a.)

E a maior:

  • Banco do Brasil: 1,20% a.m. (15,36% a.a.)

Entre os bancos mais conhecidos, o cenário é este:

Instituição% a.m.% a.a.
Caixa0,9111,48
Itaú0,9812,47
Bradesco1,0313,13
Santander1,0413,24
Banco do Brasil1,2015,36

Taxas reguladas – Pós-fixado referenciado em TR

Nas taxas reguladas, a TR continua como indexador, mas a política de juros segue regras mais controladas. A média das taxas para outubro de 2025 fica ao redor de:

  • Média mensal: 0,78% a.m.
  • Média anual: 9,9% a.a.

A instituição com a menor taxa foi:

  • Caixa: 0,61% a.m. (7,58% a.a.)

E a maior:

  • Santander: 0,97% a.m. (12,34% a.a.)

Os bancos mais conhecidos apresentam o seguinte cenário:

Instituição% a.m.% a.a.
Caixa0,617,58
Banco do Brasil0,708,73
Itaú0,9211,66
Bradesco0,9311,71
Santander0,9712,34

Taxas de mercado – Pós-fixado referenciado em IPCA

Aqui, a taxa é composta por juros + inflação (IPCA). Isso significa que, se a inflação sobe, a parcela sobe; se cai, a parcela tende a ficar mais leve. 

Instituição% a.m.% a.a.
Banco do Brasil0,718,82
Banco Semear0,759,38
Daycoval1,2015,44
Oxy1,3116,84
Bari1,4218,44

Taxas reguladas – Pós-fixado referenciado em IPCA

A única instituição  pelo Banco Central nessa modalidade em outubro de 2025 foi a Caixa Econômica Federal, que apresentou juros de 0,39% ao mês, o equivalente a 4,84% ao ano. Esse é um financiamento mais restrito no mercado, e justamente por seguir regras regulatórias específicas, acaba oferecendo taxas mais baixas e estáveis em comparação às opções de mercado.

Financiamento de veículos

No caso do financiamento de veículos, o cenário é um pouco mais simples do que no imobiliário, porque a maior parte das instituições trabalha praticamente com um único sistema: juros pré-fixados

Isso significa que a taxa é definida no momento da contratação e permanece igual durante toda a duração do contrato. Mesmo assim, ainda há bastante variação entre as instituições, já que fatores como perfil do cliente, ano e tipo do veículo, prazo do financiamento e análise de crédito influenciam diretamente o valor final da taxa.

De acordo com os dados do Banco Central referentes a outubro de 2025, a média das 40 instituições analisadas foi de 1,81% ao mês, equivalente a 24,35% ao ano

Entre as taxas mais baixas identificadas, aparecem instituições bem específicas do setor automotivo. O menor índice registrado foi o do Banco RNX, com taxa de 0% ao mês, seguido por opções também competitivas como o Banco Mercedes-Benz (0,76% a.m.) e a BMW Financeira (1,04% a.m.). Essas instituições costumam oferecer condições especiais para modelos ou marcas específicas, o que explica o custo menor.

Na outra ponta, algumas instituições apresentaram taxas significativamente mais altas. Entre elas estão a Omni (3,25% a.m.), o Banco Daycoval (3,13% a.m.) e o Banco Digimais (3,04% a.m.).

Já ao analisar os bancos mais conhecidos pelo público geral, a variação também é grande. O Bradesco registrou taxas em torno de 1,65% a 1,91% ao mês, enquanto o Itaú apresentou 2,01% a.m.. O Banco do Brasil ficou acima disso, com 2,24% a.m., e o Santander, por meio de sua financeira, trabalhou com 1,90% a.m.

No fim das contas, mesmo em uma modalidade aparentemente mais simples, o ideal é sempre comparar propostas, simular cenários e, principalmente, entender como a taxa oferecida conversa com o seu orçamento mensal e com o valor total do contrato.

Esperamos ter te ajudado a entender melhor como funcionam as taxas de juros de financiamento e a ter um norte para fazer a melhor escolha. E, se você está entrando agora nesse processo, vale a pena conferir também nosso artigo sobre qual é o melhor banco para financiar — isso pode deixar sua decisão ainda mais segura.

Summary

Roberta Firmino

Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com mais de 7 anos de experiência com conteúdo para web. Escrevo para ajudar brasileiros a saírem das dívidas e a tomarem decisões financeiras mais conscientes.

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