Um sistema integrado de crédito, produção, comércio, consumo e felicidade humana. É assim que o Banco Palmas se apresenta em seu site. E fica fácil entender essa descrição depois de conhecer melhor a história da instituição.
Afinal, estamos falando do primeiro banco comunitário do Brasil, instituição que transformou a realidade do Conjunto Palmeiras, bairro da periferia de Fortaleza, e inspirou várias outras associações a fazerem o mesmo em suas regiões.
Acompanhe para conhecer melhor o Banco Palmas e renovar a sua esperança na humanidade!
Você vai ver nesse conteúdo:
ToggleComo começou a história do Instituto Banco Palmas?
A história do Banco Palmas está entrelaçada com a do Conjunto Palmeiras, comunidade de Fortaleza em que a instituição nasceu.
O bairro começou em 1973, ano em que a prefeitura de Fortaleza desapropriou 1.500 famílias que moravam na região litorânea da cidade. Os moradores, indignados com o despejo, foram remanejados para o local onde hoje é o Conjunto Palmeiras e começaram a construir suas casas.
Com pouco dinheiro e estrutura, os barracos foram construídos de forma coletiva — cada um ajudava como podia, seja com materiais ou com força de trabalho. Assim se construiu uma grande favela, que não contava com saneamento básico, água tratada, energia elétrica e outros serviços públicos.
No ano de 1981, os moradores fundaram a Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras (Asmocopm). A ideia era se organizar melhor para conseguir as mudanças que a população tanto precisava para ter mais qualidade de vida e uma vida mais feliz.
A partir daí, o bairro começou a ser urbanizado e outras melhorias foram realizadas, mas os moradores ainda eram muito pobres, sem escolaridade e a maioria estava com o nome no SPC. Por isso, um seminário da associação de moradores definiu que era preciso criar um projeto de geração de trabalho e renda — esse foi o estímulo para a criação do Banco Palmas.
Fica a dica: você pode conferir essa história com mais detalhes e com as entrevistas dos moradores e do diretor Joaquim Melo no documentário “Palmas”, disponível no YouTube.
O nascimento do Banco Palmas
Um mapeamento mostrou que a renda dos moradores do local era de mais de R$ 1 milhão por mês e isso fez com que surgissem vários questionamentos. E o principal era: por que a região continua sendo pobre?
Então eles perceberam que o dinheiro que eles ganhavam ia para outras regiões. Ou seja: os moradores gastavam seus salários em comércios de bairros vizinhos.
Desse debate surgiu, em 1998, o Banco Palmas, uma instituição sem fins lucrativos criada para estimular a produção e o consumo local. Esse incentivo passou a acontecer de várias formas, entre elas:
- empréstimo facilitado;
- moeda palma — a moeda social do bairro;
- palmas e-dinheiro — a moeda social eletrônica da instituição;
- cursos e eventos.
Nós vamos detalhar como funcionam esses serviços no próximo tópico.
Quais são os serviços do Banco Palmas e quem pode aproveitá-los?
Você já pensou em ser dono do seu próprio banco? O Banco Palmas é administrado coletivamente pelos próprios moradores, que também são seus clientes e decidem sobre quais serviços vão ser disponibilizados.
Confira quais são, atualmente, os principais serviços oferecidos pela instituição:
Moeda social e e-dinheiro
A palma é a moeda social que circula no Conjunto Palmeiras. Cada palma equivale a um real e existe câmbio entre as moedas — o comerciante que aceita palma pode trocar o que recebeu no dia por reais.
A moeda é reconhecida pelo Banco Central e pode ser movimentada apenas dentro do bairro — o que é ótimo para incentivar a economia local.
Hoje em dia, além da palma em papel, os moradores podem depositar, transferir e pagar boletos com a moeda social por meio do celular. Isso é possível graças ao palmas e-dinheiro, que é uma versão eletrônica do banco comunitário e funciona em qualquer celular (mesmo que ele não tenha acesso à internet).
Empréstimos
Não tem como fortalecer a economia do bairro se o povo está sem grana. Por isso, o Banco Palmas também oferece empréstimos facilitados para a população. Quem precisa de crédito para abrir ou ampliar um negócio, por exemplo, pode pegar crédito em reais para ter a possibilidade de buscar recursos e equipamentos de outros locais.
Já quem precisa de crédito para consumo, pode solicitar um empréstimo em palma e aproveitar o comércio local. O processo de análise de crédito é bem menos rígido do que o que acontece em instituições tradicionais.
Os analistas de crédito do banco realizam visitas aos moradores interessados em pegar um empréstimo, fazem uma entrevista e buscam entender o histórico, necessidades e capacidade de pagamento da pessoa. Não é obrigatório ter o nome limpo no SPC e Serasa para conseguir o empréstimo.
Cursos e eventos
O Instituto Banco Palmas também promove ações para oferecer educação financeira, social e profissional aos moradores. Afinal de contas, não basta apenas dar crédito e não ajudar as pessoas a aproveitarem ao máximo essa oportunidade.
Um exemplo disso é o Palmaslab, o Laboratório de Inovação e Pesquisa em Finanças Solidárias, que além de desenvolver tecnologias para o banco oferece cursos para os moradores da periferia.
A importância do banco comunitário e da moeda social para as comunidades locais
O Banco Palmas, assim como todo banco comunitário, atua em uma região pobre, onde as pessoas têm pouco ou nenhum acesso aos bancos tradicionais. Com a utilização do banco comunitário, a comunidade passa a ter um papel mais ativo na economia e conta com muito mais oportunidades para ter uma vida financeira tranquila.
Isso impacta diretamente:
- a geração de emprego e renda;
- o desenvolvimento do bairro;
- a sustentabilidade;
- a saúde e o bem-estar da população.
A importância desse tipo de instituição é ainda maior em momentos desafiadores, como o que estamos vivendo por conta da pandemia do coronavírus, que gerou desemprego e vários outros problemas.
Inclusive, o Banco Palmas foi responsável por distribuir, por meio de sua plataforma digital, ajuda financeira a mais de 70 mil pessoas. Os R$ 181 milhões de recursos foram reunidos por empresários e governos para ajudar a população mais impactada pela pandemia.
Além do Banco Palmas, existem mais de 100 bancos comunitários no país. Mas se não existe um banco comunitário na sua região ou se você não faz parte do público-alvo desse tipo de instituição, não tem problema. Você ainda pode ajudar a construir uma economia mais solidária dando preferência a pequenos comerciantes sempre que precisar de algum produto ou serviço.
A história do Banco Palmas é inspiradora, não é verdade? Compartilhe este conteúdo para que mais pessoas conheçam essa iniciativa!