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Entenda como funciona e se vale a pena entrar no crédito rotativo

Tempo de leitura: 7 minutos

O crédito rotativo é uma opção que muitos acabam utilizando sem perceber os riscos que traz. À primeira vista, ele pode parecer uma solução prática para quem está com o cartão de crédito estourado, mas na realidade ele pode acabar pesando no seu bolso de uma maneira que você nem imagina.

Neste artigo, vamos explicar direitinho o que é esse crédito, como ele funciona e por que é importante estar atento para não cair nessa armadilha. Se você está em busca de mais controle sobre suas finanças, continue lendo e entenda tudo que você precisa saber!

Como funciona o crédito rotativo?

O crédito rotativo é acionado automaticamente quando você paga menos do que o valor total da fatura do seu cartão de crédito

Essa modalidade funciona como um empréstimo de curto prazo, cobrando juros sobre o valor que ficou pendente. Parece uma solução simples, mas os custos envolvidos são elevados e podem se acumular rapidamente.

Quando você escolhe pagar apenas o valor mínimo ou qualquer quantia intermediária, o restante entra no crédito rotativo. No próximo mês, esse saldo devedor será somado às novas despesas, junto com os juros e encargos, como o IOF. Isso significa que, quanto mais tempo você demorar para quitar a fatura, maior será sua dívida.

Como o cálculo funciona?

  1. Saldo devedor: é a parte da fatura que você não pagou dentro do mês, ou seja, o valor que “sobrou” após o pagamento parcial.
  2. Juros e encargos: sobre esse saldo devedor, são aplicados os juros do crédito rotativo, que geralmente têm taxas elevadas. Além disso, podem ser cobrados encargos como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
  3. Crédito rotativo: é o saldo devedor atualizado, ou seja, o valor restante da fatura acrescido dos juros e encargos.
  4. Nova fatura: no próximo mês, o crédito rotativo será somado às novas compras, formando o valor total da nova fatura.

Exemplo

Imagine que sua fatura é de R$ 1.000 e você paga apenas R$ 300. Os R$ 700 restantes entram no crédito rotativo. Com uma taxa de juros média de 13% ao mês, no final do ciclo, os encargos serão de R$ 91. Assim:

  • Saldo devedor inicial: R$ 700
  • Juros do crédito rotativo: R$ 91
  • Saldo atualizado (novo crédito rotativo): R$ 791

Esse valor de R$ 791 será somado às novas compras feitas no mês seguinte, compondo o total da próxima fatura.

O crédito rotativo, portanto, é o saldo que ficou pendente mais os juros e encargos. Ele é transferido para o próximo ciclo, podendo crescer rapidamente se você não quitar a fatura. Por isso, é importante evitar essa modalidade sempre que possível.

Qual a diferença entre crédito rotativo e pagamento parcelado?

Embora pareçam semelhantes, o crédito rotativo e o pagamento parcelado têm diferenças importantes que impactam sua saúde financeira.

AspectoCrédito rotativoPagamento parcelado
Quando acontece?Ao pagar menos que o valor total da fatura.Ao dividir compras ou negociar parcelamento da fatura.
JurosGeralmente altos e cumulativos.Menores e fixados no momento do parcelamento.
PrazoNão tem prazo definido; depende do pagamento da dívida.Prazos determinados no momento do parcelamento.
PrevisibilidadeDívida pode variar a cada mês.Valor das parcelas fixo, facilitando o planejamento.

A principal diferença está na previsibilidade. No crédito rotativo, a dívida muda a cada mês, dependendo do que você paga. Já no pagamento parcelado, o valor das parcelas é fixo, facilitando o planejamento financeiro. Além disso, os valores de juros no crédito rotativo costumam ser mais altos.

Por exemplo, se você tem uma dívida de R$ 1.000 e escolhe parcelar em 10 vezes com juros de 5% ao mês, cada parcela será de R$ 129,50, totalizando R$ 1.295 no final do prazo. No crédito rotativo, os custos podem ser muito mais altos, pois os juros incidem sobre o saldo devedor restante e podem acumular de forma imprevisível.

Qual é o valor do rotativo?

O valor do crédito rotativo varia conforme o banco e pode ser conferido diretamente na fatura do cartão. Cada instituição aplica uma taxa de juros mensal específica, e é importante ficar atento para comparar as condições oferecidas.

A partir de 2024, entrou em vigor uma regra que limita os encargos do crédito rotativo a 100% do valor inicial da dívida. Isso significa que os juros e outros custos não podem fazer a dívida ultrapassar o dobro do saldo devedor. Vamos explicar melhor essa regra logo abaixo.

Aqui estão exemplos de taxas médias de crédito rotativo em alguns bancos, com dados do Banco Central atualizados em dezembro de 2024:

  • BMG: 6,63% ao mês
  • Pan: 10,58% ao mês
  • Caixa: 12,19% ao mês
  • Nubank: 12,65% ao mês
  • Banco do Brasil: 12,93% ao mês
  • Itaú: 13,56% ao mês
  • Bradesco: 13,63% ao mês
  • Santander: 15,10% ao mês
  • Inter: 16,12% ao mês

Novo limite de juros (2024)

Desde 3 de janeiro de 2024, está em vigor uma regra que limita os juros do crédito rotativo no cartão de crédito. Agora, os encargos não podem fazer a dívida do consumidor ultrapassar o dobro do valor original devido.

Por exemplo, se você deixou de pagar R$ 500 na sua fatura, o máximo que poderá pagar de crédito rotativo, considerando juros e encargos, será R$ 1.000. 

Essa mudança foi estabelecida após anos de críticas às taxas abusivas no Brasil. Em 2023, as taxas médias do rotativo alcançaram impressionantes 431,6% ao ano, tornando o crédito praticamente impagável para muitos consumidores. 

A nova regra, parte de um programa federal de renegociação de dívidas (Desenrola), trouxe mais previsibilidade e proteção aos usuários de cartão de crédito.

É melhor parcelar ou entrar no rotativo?

Parcelar a fatura é a opção mais vantajosa, principalmente por causa dos juros, que costumam ser muito mais baixos.

Fizemos um cálculo com base nos 9 bancos listados acima, usando dados atualizados do Banco Central do Brasil em dezembro de 2024, e constatamos que, em média, os juros do rotativo são 69,05% maiores do que os do parcelamento. Essa diferença pode ter um impacto significativo no valor total da dívida.

Para ilustrar melhor, veja na tabela abaixo as taxas de rotativo, de parcelamento e a diferença percentual entre elas:

BancoJuros do Rotativo (% a.m.)Juros do Parcelamento (% a.m.)Diferença (%)
BMG6,63%4,96%33,87%
Pan10,58%5,02%110,76%
Caixa12,19%8,55%42,61%
Nubank12,65%7,91%59,93%
Banco do Brasil12,93%8,99%43,82%
Itaú13,56%9,74%39,22%
Bradesco13,63%5,29%157,65%
Santander15,10%11,18%35,05%
Inter16,12%8,11%98,89%

Como mostrado na tabela, os juros do crédito rotativo são sempre superiores aos do parcelamento, com diferenças que chegam a ultrapassar 150%. 

Por isso, ao perceber que não será possível quitar o total da fatura, vale mais a pena optar pelo parcelamento e evitar o peso de encargos excessivos no rotativo.

O que acontece se eu não pagar o crédito rotativo?

Deixar de pagar o crédito rotativo pode trazer uma série de problemas, que vão muito além de apenas ver sua dívida crescer. Esse tipo de atraso compromete sua saúde financeira, dificulta o acesso a serviços bancários e até mesmo pode levar a problemas legais.

Além disso, o acúmulo de juros, multas e encargos pode transformar uma dívida relativamente pequena em um valor muito maior, mesmo com o limite de 100% dos encargos estabelecido em 2024. Isso tudo sem contar o impacto no seu score de crédito e na sua reputação financeira.

Aqui estão as principais consequências que você pode enfrentar:

  1. Acúmulo de juros e encargos: mesmo com a regra que limita os encargos a 100% do saldo devedor, a dívida pode dobrar rapidamente. 
  2. Crescimento exponencial da dívida: a cada mês de atraso, os valores aumentam, dificultando ainda mais o pagamento e prejudicando o planejamento financeiro.
  3. Restrição no CPF: o banco pode incluir seu nome em cadastros de inadimplência, como SPC e Serasa, limitando sua capacidade de obter crédito, financiamentos ou realizar compras parceladas.
  4. Cobrança extrajudicial e judicial: primeiramente, você será contatado por empresas de cobrança. Caso a dívida permaneça em aberto, o banco pode iniciar processos judiciais, que podem resultar em bloqueio de bens ou descontos automáticos na conta.
  5. Redução do limite do cartão de crédito: o banco pode optar por reduzir ou até cancelar o limite do cartão, deixando você sem acesso ao crédito.
  6. Impacto na pontuação de crédito (score): seu score de crédito será reduzido, dificultando ainda mais a obtenção de financiamentos, empréstimos ou cartões no futuro.
  7. Dificuldade em abrir contas ou acessar serviços financeiros: algumas instituições podem negar a abertura de contas ou a concessão de outros produtos financeiros devido ao histórico negativo.
  8. Aumento da pressão emocional e estresse financeiro: dívidas acumuladas podem gerar ansiedade, dificuldades nos relacionamentos e um peso emocional que afeta a qualidade de vida.
  9. Exclusão de benefícios bancários: clientes inadimplentes podem perder acesso a promoções, cashback e outras vantagens que o banco oferece.

Quanto tempo pode ficar no rotativo?

Você pode ficar no crédito rotativo por até 30 dias consecutivos, após esse prazo, o banco deve obrigatoriamente oferecer a opção de parcelar ou quitar a dívida, com condições mais vantajosas, como juros menores. 

Essa decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro de 2017, com o intuito de proteger os consumidores de juros excessivos e garantir uma alternativa mais acessível para quem não consegue pagar a fatura integralmente.

Para entender melhor, vamos a um exemplo: suponha que você tenha uma fatura de R$ 1.000 no cartão de crédito e decida pagar apenas o valor mínimo de R$ 100. O restante, de R$ 900, fica no crédito rotativo, com juros de até 13% ao mês. 

Após 30 dias, se você não tiver pago os R$ 900, o banco será obrigado a oferecer a opção de parcelamento com juros mais baixos, como 4% ao mês. 

Se você optar pelo parcelamento, os juros sobre os R$ 900 serão mais acessíveis, ajudando a reduzir a dívida mais rapidamente. Caso não opte por parcelar ou quitar a dívida, ela continuará a se acumular, com juros mais altos e risco de negativação.

Como se livrar do crédito rotativo?

Se livrar do crédito rotativo pode parecer desafiador, mas com algumas estratégias práticas, é possível sair dessa armadilha financeira. O importante é agir rápido e buscar alternativas para minimizar os juros e evitar o acúmulo da dívida. Veja algumas dicas:

1. Pague o quanto antes

A primeira e mais óbvia dica é quitar o valor da fatura do cartão o quanto antes. Quanto mais tempo você permanecer no crédito rotativo, maiores serão os juros que incidem sobre a dívida. Se possível, pague a fatura completa para não deixar nada para o próximo mês.

2. Considere o parcelamento da dívida

Se você não pode quitar a fatura integralmente, procure optar pelo parcelamento da dívida. Ao fazer isso, o banco vai cobrar juros mais baixos que os do rotativo, o que pode ajudar a reduzir a dívida ao longo do tempo. Fique atento às condições do parcelamento, pois ele geralmente é mais vantajoso para o consumidor.

3. Negocie com o banco

Se os juros do parcelamento ainda estiverem altos, entre em contato com o banco e tente negociar melhores condições. Em alguns casos, é possível pedir uma redução das taxas de juros ou até mesmo prazos mais longos para pagamento.

4. Priorize o pagamento do rotativo

Quando estiver pagando diversas dívidas, dê prioridade ao crédito rotativo, pois ele é o mais caro devido aos juros elevados. Tente pagar o máximo possível do saldo devedor para reduzir o impacto dos juros.

5. Use uma linha de crédito mais barata

Se possível, busque alternativas como empréstimos pessoais com taxas de juros menores para quitar a dívida do rotativo. Muitas vezes, as taxas de empréstimos pessoais são mais vantajosas que as do crédito rotativo, o que pode ajudar a aliviar a pressão da dívida.

Lembre-se de que, enquanto você ficar no crédito rotativo, a dívida tende a aumentar rapidamente devido aos juros elevados. Por isso, quanto mais rápido você conseguir quitar ou negociar a pendência, melhor.

Esperamos que este post tenha te ajudado a esclarecer o crédito rotativo e como ele pode bagunçar suas finanças. Se você está em busca de mais dicas para dar aquele gás na sua vida financeira e sair das dívidas do cartão de crédito, dá uma olhada no nosso artigo sobre como limpar o nome. Ele pode te ajudar a dar o próximo passo!

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Roberta Firmino

Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com mais de 7 anos de experiência com conteúdo para web. Escrevo para ajudar brasileiros a saírem das dívidas e a tomarem decisões financeiras mais conscientes.

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