Abrir o próprio negócio requer muita coragem. Muitas vezes a escolha de se tornar MEI ou profissional autônomo é um sonho, e outras acontece por pura necessidade. Com qual dessas situações você se identifica?
Ter planejamento e organização com as finanças é fundamental nesses casos, pois você fica muito mais sujeito às variações: não tem salário fixo, várias garantias do trabalho CLT…
E nós sabemos o quanto isso tudo é desafiador: pois você acaba sendo, em muitos casos, um “exército de uma pessoa só”, e parece que não sobra tempo pra nada, muito menos para organizar as finanças.
Muito profissionais autônomos, quando começam a empreender, se preocupam 100% com a sua atividade profissional e acabam não priorizando tanto as questões financeiras e burocráticas do negócio e do orçamento pessoal/familiar.
Realmente são muitas preocupações. Mas deixar de lado a questão do planejamento financeiro pode custar muito caro.
Neste conteúdo você vai entender porque ter um planejamento financeiro é tão importante e como criar o seu orçamento/organização, de modo simples e prático.
Você vai ver nesse conteúdo:
ToggleA importância do planejamento financeiro para MEI/autônomo
Se organizar financeiramente deve ser uma prioridade. Caso contrário, existe uma grande chance de que você trabalhará muito, como já trabalha, pra ver dinheiro ir pro ralo.
Lembre-se da máxima “o que não é medido, não é gerenciado”.
Existem várias razões para que você dê o pontapé inicial para organizar e planejar suas finanças profissionais. Veja só:
Burocracias do autônomo/MEI
Como profissional autônomo, você não precisa constituir legalmente uma empresa, mas ainda assim terá que lidar com muitas burocracias, como pagamento de impostos, taxas, emissão de notas fiscais, licenças etc.
E não adianta querer fugir delas. Não lidar com as burocracias não significa que elas inexistem. Você só estará acumulando problemas, que podem virar uma bola de neve da qual vai ser muito difícil de livrar-se depois.
Se você for MEI, além das burocracias normais dos impostos, você terá que lidar com as outras questões que envolvem o CNPJ, declarações, outros tipos de taxas, etc.
Leia também: Limite de faturamento MEI: quais as mudanças?
Não misturar finanças pessoais com profissionais
Apenas com um planejamento adequado você não correrá o risco de misturar suas despesas pessoais com as profissionais. Isso vai evitar a você diversos problemas, como com a Receita Federal.
Além disso, ao misturar suas finanças pessoais com a do negócio fica difícil de criar planos de médio e longo prazo para seu empreendimento, como projetos de expansão e até para a contratação de funcionários.
Uma boa dica é separar o dinheiro desde a hora que ele entra no seu caixa. Muito bancos digitais oferecem contas para Pessoas Jurídicas (PJs) de forma gratuita e com pouca burocracia. Vale a pena pesquisar.
Empréstimos para o negócio
Outra situação que exige um planejamento financeiro bem estruturado de um autônomo é no caso de você precisar de crédito, já que os critérios para obter empréstimos empresariais (MEIs e autônomos) e pessoais são muito diferentes.
Ter as finanças organizadas permite não só ter acesso ao crédito, mas dá clareza do quanto de dinheiro seu negócio precisa para atingir os objetivos traçados e, assim, não se meter em dívidas gigantescas que você não dá conta de pagar depois.
Férias e momentos de lazer
O planejamento financeiro também permite que você possa tirar um momento de descanso, afinal, nem só de trabalho viverá o profissional autônomo ou MEI, não é mesmo?
Com um planejamento bem feito e bem executado, você pode prever quando poderá tirar férias ou mesmo se dá para aproveitar um feriado sem que isso comprometa seu negócio.
Reserva de emergência/fluxo de caixa
Por último, é muito importante que você saiba que todo profissional autônomo ou MEI precisa ter uma reserva financeira para momentos de crise ou de baixa no mercado.
Nossa sugestão é que você tenha em reserva um valor entre 3 e 6 vezes o gasto mensal do seu negócio e também do seu orçamento pessoal/familiar. Isso permite mais tranquilidade naqueles meses em que os clientes não chegam e as despesas tendem a superar os recebimentos.
Como criar o planejamento financeiro do autônomo/MEI
Agora que você já entende a importância de ter um bom planejamento financeiro para autônomo ou MEI, de um jeito simples, é hora de colocar a mão na massa e criar o seu plano. Veja abaixo algumas dicas valiosas.
Projete as suas receitas
O primeiro passo é ter clareza do quanto você pretende ter de receita no ano e a cada mês. Com essa previsão ficará mais fácil planejar suas despesas mais à frente.
Mas como saber quanto vai entrar no caixa? Há diversas formas, e aqui vão algumas dicas:
1- Histórico do negócio: se você já está no ramo há algum tempo, provavelmente tem uma noção média de quantas vendas são realizadas por mês. Utilize esse histórico para planejar e, claro, empenhe-se para bater sua meta todos os meses.
2- Investigue a concorrência: se a sua empresa está começando agora e você já quer começar com um planejamento financeiro,você pode fazer isso observando sua concorrência. Faça uma visita, observe o movimento do concorrente, anote tudo e tente encontrar uma média de clientes que ele fecha por mês.
3- Levante seu mercado potencial: dá trabalho, mas é uma forma segura de saber o quanto você tem de potenciais clientes. Faça um questionário – há muitos modelos prontos na internet – e tente obter o máximo de respostas possível das pessoas que provavelmente seriam seus clientes.
Depois de obter as respostas, verifique características como idade, sexo, renda, perfil profissional etc. Em seguida, veja quantas pessoas existem na sua região que possuam essas mesmas características. Tendo o total de potenciais clientes, avalie o quanto você poderia atender por mês e terá todos os dados para pensar na sua projeção de vendas.
Planejar suas receitas, além de permitir projetar suas vendas, permite que você tenha mais controle de todo o dinheiro que entra no caixa da sua empresa e acompanhe se tudo está indo conforme o planejado.
Esse controle também é fundamental para que você não se confunda no fim do mês sobre o que é dinheiro do seu empreendimento e o que é seu enquanto pessoa física.
Não esqueça ainda de avaliar se o seu negócio possui algum tipo de sazonalidade, ou seja, se tem períodos que vende mais ou que vende menos devido a algum motivo geográfico ou demográfico. Ter isso com clareza vai ajudar a não passar por perrengues nos meses de vendas fracas.
Identifique as despesas essenciais
Tão importante quanto ter controle do que entra no seu caixa é saber o quanto você tem de despesas. Nesse momento, você precisa saber exatamente quais são suas despesas fixas – aquelas que não mudam independente do quanto você vende, como seu aluguel, sua energia, transporte etc. – e suas despesas variáveis – que mudam se você vende mais ou menos, como comissões, impostos etc.
É importante que você se planeje para saber o quanto pode gastar no mês, principalmente no que se refere às despesas fixas. Se você conseguiu planejar adequadamente suas receitas, vai ficar mais fácil visualizar o quanto você pode investir no seu negócio a cada mês, e assim evita contrair dívidas.
Nossa dica é que você sempre priorize em suas despesas aquelas que impactam diretamente nas vendas. Atividades prioritárias para gerar vendas não podem parar, ou seu negócio também para.
Negocie
Toda empresa precisa, em algum momento, contratar fornecedores, seja de matérias primas ou ferramentas. Por isso, você deve aprender a negociar melhores preços e condições de pagamento para manter seu negócio financeiramente saudável.
Lembre-se de sempre fazer ao menos três orçamentos antes de fechar negócio com um fornecedor e escolha aquele que tiver o melhor custo-benefício. Quando o assunto é o seu empreendimento você precisa ser mais racional e comprar com a cabeça e não com suas emoções.
Agora você é um empreendedor. Então, se você tinha vergonha de pedir desconto comece a deixá-la em casa para obter benefícios que ajudem no desenvolvimento da sua marca no mercado.
Ter boa habilidade em negociação é um trunfo nas mãos de profissionais autônomos e MEIs!
Reavalie
O planejamento financeiro não é um documento para ficar guardado na sua gaveta. Ele é um documento vivo, que você precisa ter em mãos sempre para acompanhar a saúde financeira do seu negócio.
A entrada de receita está saindo como planejado? Ótimo! Você está fazendo um bom trabalho, mas para bater a meta foi necessário aumentar as despesas? Acenda um alerta amarelo. É hora de replanejar! Não deixe isso virar uma bola de neve. Cortar despesas é dolorido, mas é importante saber quando dar um passo para trás para dar dois para frente depois.
Lucro
Como toda boa empresa, o principal objetivo é dar lucro, concorda? Mas o que fazer com ele? Aumentar seu padrão de vida? Não recomendamos isso, pelo menos até que você tenha sua reserva financeira e controle total das finanças do seu negócio.
Empresas de rápido crescimento no mercado são aquelas que reinvestem em si próprias grande parte do que lucram. Sabemos que a vontade de usar aquele dinheiro suado é grande, mas se o objetivo é ter um negócio cada vez mais lucrativo e que cresça, é importante fazer alguns sacrifício.
Lembre-se de que investir na própria capacitação é, também, um investimento no seu negócio/trabalho!
Caso você não queira reinvestir no próprio negócio, pense em novos investimentos que lhe garantam uma boa aposentadoria no futuro, que tal?
Conclusão
Planejar não é uma tarefa simples, mas é muito necessária. Ter um planejamento financeiro é a única saída para o profissional autônomo que não quer ter dores de cabeça e almeja um negócio lucrativo e que possa crescer.
Existem vários softwares no mercado que ajudam você a controlar suas finanças, mas caso não possa investir em um deles, é possível fazer esse controle por planilhas de Excel. Dá trabalho, mas é melhor ter esse desafio agora do que encarar custosos imprevistos depois.