Veja como funciona um plano de pagamento e como colocá-lo em prática

Organizar a vida financeira pode parecer uma missão impossível quando as dívidas começam a se acumular e você já não sabe por onde começar. Mas a verdade é que existe um caminho mais leve, estratégico e realista para sair do aperto — e ele começa com um bom plano de pagamento. Essa ferramenta simples, mas poderosa, ajuda a entender o tamanho do problema, priorizar o que realmente importa e criar uma rota que faça sentido dentro do seu orçamento.

Neste artigo, você vai descobrir como o plano de pagamento funciona, como usá-lo a seu favor e até como ele aparece na Lei do Superendividamento para proteger quem já perdeu o controle das finanças. A ideia é que você termine a leitura sabendo exatamente por onde começar, quais passos seguir e como retomar o controle do seu dinheiro de forma clara, organizada e possível. Vamos juntos transformar essa fase em um recomeço?

O que é o plano de pagamento?

O plano de pagamento é, basicamente, uma estratégia organizada para que uma pessoa consiga quitar suas dívidas sem comprometer toda a sua renda mensal. Em vez de lidar com cada débito separadamente — e muitas vezes sem saber por onde começar — o plano funciona como um roteiro estruturado, permitindo visualizar o total devido, os prazos, o impacto no orçamento e, principalmente, o que cabe no bolso. 

Ele pode ser algo simples, como um cronograma pessoal criado pelo próprio consumidor, ou algo mais robusto, construído com ajuda de empresas, plataformas de negociação ou até determinado judicialmente, como acontece nos casos de superendividamento.

Na prática, um plano de pagamento reúne informações sobre todas as dívidas, define prioridades, reorganiza prazos e negocia valores quando possível. A ideia é evitar que o consumidor caia em acordos impagáveis ou entre em um ciclo de descontrole financeiro. 

Ele também é útil para quem já tem um orçamento apertado e precisa adaptar o valor das parcelas à sua renda, garantindo que despesas essenciais — como alimentação, transporte e moradia — continuem sendo atendidas. Pensado dessa forma, o plano deixa de ser um simples “acordo de dívida” e passa a ser uma ferramenta de recomeço financeiro.

Muita gente só descobre a importância desse tipo de organização quando a situação já saiu do controle. Por isso, o plano funciona também como um instrumento de educação financeira, ajudando o consumidor a visualizar padrões de gasto, identificar exageros e evitar novas dívidas no futuro. 

Com ele, fica mais claro o que deve ser quitado primeiro, quanto tempo levará e qual será o impacto real no dia a dia. No fim das contas, é sobre retomar o controle — com menos estresse e mais previsibilidade.

Como funciona o plano de pagamento na Lei do Superendividamento?

A Lei do Superendividamento (Lei nº 14.181/2021) surgiu justamente para colocar um freio nas situações em que o consumidor perde completamente o controle das dívidas. Ela combate práticas abusivas do mercado — como ofertas enganosas ou crédito fácil demais — e garante proteção a quem já está superendividado, permitindo que essa pessoa reconstrua sua vida financeira com dignidade. Dentro dessa lei, existe um mecanismo muito importante: o plano de pagamento previsto no artigo 104-A, que estabelece regras e direitos para a repactuação de dívidas.

Pelo artigo 104-A, o consumidor superendividado pode pedir ao juiz a abertura de um processo de repactuação, que inclui uma audiência de conciliação com todos os credores. Nesse encontro, a pessoa apresenta sua proposta de plano de pagamento, sempre respeitando dois pontos fundamentais: o prazo máximo de 5 anos e a garantia do chamado mínimo existencial, que é o valor necessário para manter despesas básicas. 

Esse plano deve seguir as formas de pagamento originais, quando possível, e garantir condições que permitam ao consumidor pagar sem sacrificar necessidades essenciais.

Para ficar mais claro, a lei determina que o plano precisa incluir:

  • Dilação de prazos e redução de encargos, quando aplicável.
  • Informações sobre suspensão ou extinção de ações judiciais em andamento.
  • A data para exclusão do consumidor dos cadastros de inadimplentes.
  • Compromissos que evitem o agravamento da situação financeira, como não assumir novas dívidas durante o processo.

Além disso, o não comparecimento injustificado de qualquer credor à audiência traz consequências importantes: o débito fica suspenso, os encargos param de correr e esse credor passa a ser obrigado a aceitar o plano, desde que o valor da dívida seja conhecido pelo consumidor.

Caso não haja acordo com todos os credores, entra em cena o artigo 104-B, que permite ao juiz instaurar um processo para revisão e integração dos contratos, resultando em um plano judicial compulsório. 

Nesse caso, o juiz pode até nomear um administrador para formular o plano, desde que isso não gere custos adicionais. O plano compulsório garante ao menos o pagamento do valor principal das dívidas, sempre corrigido, e deve prever sua quitação completa em no máximo 5 anos, com a primeira parcela em até 180 dias após a homologação.

Em resumo, o plano de pagamento dentro da Lei do Superendividamento é uma ferramenta formal, estruturada e protegida juridicamente, que oferece ao consumidor superendividado uma chance real de reorganizar toda a sua vida financeira. Ele elimina abusos, garante condições mais humanizadas e impede que a pessoa seja sufocada por dívidas impagáveis — criando um caminho possível para recomeçar.

Como fazer um planejamento para pagar dívidas: passo a passo

Criar um planejamento sólido para pagar dívidas é uma das formas mais eficazes de organizar a vida financeira e recuperar o controle do orçamento. A ideia aqui não é apenas listar o que você deve, mas montar um caminho realista, estratégico e possível de seguir. 

Esse processo exige calma, clareza e, principalmente, comprometimento — mas quando você sabe exatamente por onde começar, tudo fica menos assustador. 

A seguir, você encontra um passo a passo completo, com cada etapa explicada em detalhes para facilitar sua organização e evitar que novas dívidas apareçam.

Passo 1: levante todas as suas dívidas

O primeiro passo é fazer um diagnóstico completo da sua situação financeira. Isso significa reunir absolutamente todas as dívidas, mesmo aquelas que você “finge que esqueceu”. 

Liste valores, juros, prazos, credores e condições de pagamento. Não é raro descobrir que parte da sensação de descontrole vem justamente de não ter clareza sobre o tamanho real do problema.

Organizar essas informações em uma tabela pode facilitar muito:

Dívida/credorValor totalJurosAtrasoTipo de dívidaObservações
Cartão de créditoR$ 3.200Rotativo2 mesesConsumoNegociar parcelamento
EmpréstimoR$ 6.5004% a.mEm diaPessoalAvaliar portabilidade
Loja XR$ 450Multa + juros40 diasConsumoPagamento único possível

Esse mapeamento é essencial para entender o cenário e identificar prioridades.

Passo 2: calcule sua renda e suas despesas essenciais

Depois de entender quanto você deve, o próximo passo é analisar quanto você realmente pode pagar. 

Para isso, você precisa saber exatamente quanto ganha e quais são seus gastos essenciais — aqueles que não podem ser cortados, como alimentação, moradia, transporte, saúde e contas básicas. Esse cálculo é o que vai definir o limite realista do quanto cabe no seu orçamento para pagamento de dívidas.

A partir disso, você consegue identificar:

  • Quanto sobra do salário.
  • Quais gastos podem ser reduzidos.
  • Qual é o valor máximo possível para negociação.

Esse passo também ajuda a evitar acordos que parecem bons, mas que não cabem no seu bolso e viram novos atrasos.

Passo 3: priorize dívidas mais caras e essenciais

Nem todas as dívidas têm o mesmo peso no orçamento. Algumas crescem mais rápido — como cartão de crédito e cheque especial — e outras podem causar impactos diretos na sua vida, como aluguel e contas de energia. Por isso, é importante definir prioridades antes de negociar. Uma boa estratégia é seguir esta ordem:

  1. Dívidas com juros altos (cartão, cheque especial).
  2. Dívidas que podem gerar corte de serviços essenciais.
  3. Dívidas que têm bens como garantia.
  4. Dívidas menores que podem ser quitadas rapidamente (para liberar espaço no orçamento).

Organizar por prioridades evita que pequenas decisões financeiras gerem grandes prejuízos no futuro.

Passo 4: negocie com os credores

Com as informações em mãos — dívidas mapeadas, renda calculada e prioridades definidas — chega a hora de negociar. Esse é um dos passos mais importantes, porque é onde você transforma o planejamento em ação. E a boa notícia é que, hoje, existem diversos canais para negociar sem precisar sair de casa.

Na negociação, procure obter:

  • Redução de juros ou multas.
  • Aumento de prazo.
  • Parcelas que realmente cabem no orçamento.
  • Descontos para pagamento à vista (quando possível).

Usar sites como a própria Acerto pode facilitar, porque você encontra as dívidas em um só lugar e visualiza propostas prontas, sem pressão e sem burocracia.

Passo 5: organize o pagamento mensal

Depois que o acordo estiver fechado, é hora de criar um sistema para garantir que as parcelas sejam pagas em dia. De nada adianta um plano perfeito se você não consegue mantê-lo. Aqui vale adotar estratégias práticas, como:

  • Definir um dia fixo no mês para pagar tudo.
  • Colocar lembretes no celular.
  • Separar o valor das parcelas assim que o salário cair.
  • Criar uma planilha ou usar aplicativos de controle financeiro.

O objetivo é evitar atrasos e impedir que os juros voltem a crescer. A regularidade transforma o pagamento das dívidas em parte da rotina — e isso faz toda diferença.

Passo 6: ajuste o plano quando necessário

O planejamento não é estático. Se sua renda mudar, se surgir uma emergência ou se alguma parcela ficar pesada demais, revise o plano. É muito melhor ajustar cedo do que deixar acumular e virar um novo ciclo de endividamento.

Algumas perguntas importantes para revisar o plano são:

  • O valor das parcelas ainda cabe no meu orçamento?
  • Meus gastos essenciais mudaram?
  • Posso antecipar parcelas?
  • Preciso negociar novamente?

Essa flexibilidade é o que mantém o planejamento vivo e viável até o fim.

Passo 7: evite novas dívidas enquanto paga as antigas

Por fim, mas essencial: não adianta pagar dívidas se, ao mesmo tempo, você continua criando outras. Durante a execução do plano, é importante segurar impulsos, evitar compras desnecessárias e repensar o uso do crédito.

Algumas boas práticas incluem:

  • Pausar o uso do cartão de crédito.
  • Evitar parcelamentos longos.
  • Fazer uma lista antes de comprar.
  • Criar uma pequena reserva para emergências.

Seguir esses passos ajuda a transformar o processo de pagamento de dívidas em um caminho mais leve, sustentável e possível — e evita que você volte para o ponto de partida.

Quais dívidas devo pagar primeiro?

No passo a passo anterior, já comentamos sobre a importância de definir prioridades antes de negociar ou começar a pagar suas dívidas. Aqui, vamos aprofundar esse ponto, porque essa é uma das decisões mais estratégicas de todo o planejamento financeiro. A ordem em que você organiza os pagamentos pode acelerar — ou atrasar — muito o seu processo de sair do endividamento. Quando você entende quais dívidas pesam mais no orçamento e quais crescem mais rápido, evita desperdício de dinheiro com juros e reduz riscos importantes, como cortes de serviços essenciais.

De forma geral, as dívidas com juros mais altos são sempre as primeiras da lista. Cartão de crédito e cheque especial, por exemplo, têm taxas que podem transformar um valor pequeno em um problema enorme em poucos meses. Por isso, quanto mais cedo você interrompe esse crescimento, menor será o impacto no seu orçamento. 

Em seguida, entram as dívidas que afetam necessidades básicas — como aluguel, luz e água — porque o atraso nesses pagamentos pode comprometer diretamente sua rotina e sua qualidade de vida.

Outro grupo que merece atenção são as dívidas que têm algum tipo de garantia, como financiamentos de veículos ou empréstimos com bens vinculados. Nesses casos, o risco de perder o bem existe, especialmente quando os atrasos se acumulam. Ao priorizar esse tipo de pagamento, você evita prejuízos maiores e mantém sua estabilidade. 

Por fim, considerar as dívidas pequenas é uma estratégia inteligente: quitá-las rapidamente ajuda a “desafogar” o orçamento e dá uma sensação de progresso que motiva a continuar no plano.

Montar essa ordem de prioridade torna o processo mais eficiente, mais leve e mais sustentável — e te coloca no controle da sua vida financeira. 

Se você quer começar agora a colocar em prática o seu plano de pagamento, um bom primeiro passo é entender quais dívidas estão no seu CPF e quais têm ofertas ativas de negociação. Consulte gratuitamente o seu CPF na Acerto e veja suas dívidas com desconto ou parceladas para negociar hoje mesmo!

Summary

Roberta Firmino

Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com mais de 7 anos de experiência com conteúdo para web. Escrevo para ajudar brasileiros a saírem das dívidas e a tomarem decisões financeiras mais conscientes.

Você pode gostar também

Logo Acerto
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.